Enquanto consultores, a equipa da Engibots sente-se afortunada por ter a oportunidade de apoiar diversos clientes, cada um com ecossistemas tecnológicos e estratégias distintas. A nossa vivência nos últimos anos tem moldado a forma como orientamos os nossos clientes, não apenas em iniciativas de automação de processos, mas também em tópicos relacionados com a estratégia digital e sistemas de informação como um todo.
Um dos temas recorrentes nas agendas dos líderes de tecnologia é, indubitavelmente, a questão da dispersão de dados por diferentes sistemas e a elaboração de estratégias para a sua convergência. A oferta de sistemas disponíveis para uma organização é imensa. Na ausência de uma estratégia clara a nível de integração, arquitetura e gestão de dados, uma empresa pode rapidamente ficar refém de várias plataformas generalistas, que oferecem pouca customização e integração, resultando numa acentuada dispersão de dados.
Este fenómeno, quando não devidamente endereçado, tende a ampliar-se, assemelhando-se ao universo em constante expansão. Um desequilíbrio na “galáxia” dos sistemas pode rapidamente culminar em caos. Muitas vezes, nota-se a ausência de uma visão estratégica a longo prazo para os sistemas digitais que apoiam o negócio, faltando um roadmap claro e alinhado com os objectivos de crescimento da empresa.
Tecnologias como o RPA (Robotic Process Automation) e os recentes avanços na democratização da IA têm possibilitado às empresas otimizar grande parte do chamado “Monday Work”, normalmente composto por processos repetitivos. Contudo, muitos desses processos surgem precisamente devido à falta de integração entre dados e sistemas. Curiosamente, algumas soluções de RPA, como o Clipboard AI da UiPath, surgiram para lidar com esta questão, evitando que colaboradores altamente qualificados fiquem presos a tarefas monótonas.
Juntamente com outros líderes tecnológicos na área de automação, acreditamos que RPA e IA podem não só minimizar o “Monday Work”, mas, quando aplicados de forma consciente, funcionar como uma verdadeira revolução. Isto porque a introdução destas tecnologias pode desencadear uma mudança de paradigma nas empresas, promovendo a mentalidade de “automation first”. Assim, antes de se criar um processo e atribuí-lo a um colaborador humano, há uma avaliação prévia sobre a possibilidade de o delegar a uma solução automatizada.
Ao falar da mentalidade “automation first”, é vital perceber que não se trata apenas de aplicar tecnologia indiscriminadamente. Esta mentalidade implica uma avaliação detalhada de cada processo, identificando áreas de eficiência e oportunidades para automação. Significa perceber que, antes de alocar recursos humanos a uma tarefa, deve-se considerar se essa tarefa pode ser melhor executada por um robô ou sistema automatizado. Não se trata de substituir o humano, mas sim de permitir que ele se concentre em tarefas mais valiosas e menos repetitivas.
A implementação bem-sucedida destas “vacinas” tecnológicas requer tempo e planeamento estratégico. Contudo, vários casos de sucesso em diversas indústrias demonstram os benefícios duradouros para as organizações que o fazem correctamente, evidenciando a capacidade destas tecnologias em reconfigurar o ADN operacional das empresas.
Para ilustrar a aplicação bem-sucedida destas tecnologias, podemos olhar para o setor bancário. Vários bancos têm adotado soluções de RPA para simplificar processos, desde atendimento ao cliente até operações internas. Um banco, por exemplo, implementou soluções de RPA para automatizar tarefas relacionadas com a abertura de contas, reduzindo o tempo de processamento em mais de 50%. Esta implementação não só melhorou a eficiência, mas também a experiência do cliente, que beneficia de um serviço mais rápido e sem falhas.
Em suma, a tecnologia tem o poder de transformar as organizações, tornando-as mais eficientes e ágeis. Mas é essencial que esta transformação seja feita de forma ponderada, com uma estratégia clara que evite a dispersão dos dados e que valorize os recursos humanos. A automação e a IA estão aqui para auxiliar e potenciar o humano, e não para o substituir. A chave é encontrar o equilíbrio certo, e para isso, a visão e estratégia são essenciais.